Modificações no Tubo do Telescópio

Para eliminar as reflexões internas do tubo não basta pintar seu interior de preto fosco. É necessária uma superfície rugosa que absorva a luz. Para isso eu usei farinha de mandioca (pode ser usada serragem de madeira) que é colada ao tubo após aplicarmos uma camada de tinta e, posteriormente, pintada de preto fosco. Veja nas fotos abaixo a diferença obtida quando pintei apenas a metade superior do tubo. Detalhe importante: após a segunda mão de tinta sobre a farinha secar, use uma escova macia para remover grãos soltos, isso evita que eles caiam sobre o espelho depois de montado no tubo. Também aproveitei a reforma para fazer 11 furos de 3/4" na altura do espelho com o objetivo de ventilar a superfície do mesmo eliminando as distorções provocadas pela camada de ar quente que se forma ali.


Nesta foto a metade mais próxima está com a aplicação anti-reflexo.
Veja os reflexos na metade posterior apesar de estar pintada de preto fosco.


Nesta foto a metade mais afastada está com a aplicação anti-reflexo.
Observe os orifícios para ventilação do espelho


Orifícios de ventilação do espelho e anel para fechá-los quando o telescópio estiver fora de uso.


O outro tubo com processo semelhante (farinha colada em papel-contact aplicado ao tubo)

Artigo na S&T


Turbulência

Só para deixar clara a questão da turbulência interna do tubo.
Exitem dois tipos de turbulência interna:
1 - camada de ar quente que se forma na superfície do espelho.
2 - correntes convectivas que correm ao longo da parede interna do tubo.

A primeira está muito bem demonstrada nos vídeo da página:
http://www.fpi-protostar.com/bgreer/
A diferença de temperatura entre o espelho e o ar circundante gera uma camada de ar na superfície do espelho com densidade diferente do resto do volume interno do tubo. Esta camada tende a se mover provocando distorções e duplicidade na imagem. Vejam que eu falei "temperaturas diferentes" e não "mais quente" ou "mais frio", pois tanto o espelho pode estar mais quente como mais frio que o ar circundante e em ambos os casos se formará esta camada na interface. Este tipo de turbulência afeta tanto os telescópios de tubo fechado como os "truss tube" embora neste último a maior ventilação acelere a troca de calor e, conseqüentemente, reduza o tempo até que o telescópio estabilize.

A outra turbulência é causada pela troca de ar por convecção entre o interior e o exterior do tubo. Esta troca também se deve à "diferença de temperatura". Todas as partes internas do telescópio (espelho, célula, tubo...) carregam a temperatura do local onde estavam armazenadas para o ambiente externo que geralmente está em outra temperatura. Se o telescópio estava mais quente (se mais frio também ocorre porém em menor intensidade) que o exterior forma-se uma corrente de ar quente que sobe pela lateral interna, na linha superior do tubo. Em certas condições isto pode ser visualizado simplesmente observado estrelas a 45° de altura e tapando hora a metade superior da boca do tubo, hora a metade inferior. Nesta última posição percebemos uma piora na imagem pois estamos vendo através desta camada de ar que se desloca subindo pela linha superior do tubo. Nestes casos o tubo "apertado" piora a situação (é o meu caso), podemos usar tubos com maior folga (maior diâmetro) para afastar esta camada de ar da linha de entrada da luz ou simplesmente usar um "truss tube" que praticamente elimina este problema. Uma solução intermediária são os furos que fiz no meu tubo e que também ajudam a minimizar o primeiro tipo de turbulência.

Quanto à turbulência atmosférica, vejam aqui a escala Pickering para avaliá-la.


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